terça-feira, 17 de abril de 2018

Crítica: A Morta Mais Linda da Cidade

O artista leva consigo sua matéria-prima mais vívida: a facilidade de lidar com as complexidades que as pessoas em muitos casos até pensam, mas não conseguem externalizar. Com facilidade, o grupo passeia em uma aventura pelo universo do realismo fantástico a custa de uma vingança mulher x mulher entre Glorinha e Zumira, que se dá a qualquer custo. "Cuidado com a mulher loira", diz Zumira em vários momentos do espetáculo e da história.



           Zumira é uma mulher que anseia por um fim aclamado e glorioso, muito bonita e trajando roupas sempre pra lá de provocantes, deseja um enterro digno de diva, com direito a puxadores de bronze em seu caixão, flores e cavalos - como na comovente história do cavalo sereno. Tudo isso, de maneira muito divertida, o espetáculo - que tinha tudo pra ser pesado, na verdade - é leve, com divertidíssimos insights cômicos. O grupo lida com Nelson e seu universo, para desvendar sobre os inúmeros desdobramentos da morte, de maneira muito peculiar, onde a personagem central, Zumira, na verdade se entusiasma com a própria morte, e os ditados 36 mil cruzeiros gastos em seu velório, para ela não são páreos para os motivos que a movem.

 
 
          Antero, por sua vez, agora dá vida ao Timbira, típico jeitão carioca, pisando leve, personagem divertido e caricata, que para Antero não é nenhum desafio, o mesmo vai de bicheiro à negociante de caixões com admirável execução, passando inclusive por uma imitação de Roberto Carlos, que aliás, embala inúmeros momentos da peça, onde faz-nos sentir inseridos a dialogar com a peça desde a hora que esperamos do lado de fora enquanto a encenação não inicia. Ponto muito bacana do trabalho é a participação de Gilson Peres na cenografia da peça, que torna "A Morta Mais Linda da Cidade" sofisticado no que diz respeito à múltipla funcionalidade dos aparatos de cena usados por Tuane, Galiotto, Zucchi e Drumond. Confira as novidades e notícias de próximas apresentações nas páginas do grupo pelas redes sociais. Vale a pena.

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