Antes de qualquer coisa quero deixar claro que não estou fazendo alusão, defensão ou indução à prática religiosa alguma, nem a minha religião e nem tampouco a esta que estamos nos referindo. Acontece que na arte que vivo há certas coisas que me chamam atenção e eu acabo tomando um pouco de responsabilidade sobre algumas destas coisas, pra mim enquanto artista é um direito de expressar isto.. uma dessas contendas - e às vezes a principal - é a religiosidade nos homens e mulheres do tempo contemporâneo. A iniciativa que tomei foi pensada e desenvolvida com muito respeito, peço que entre no assunto com a mente e coração abertos. Muito obrigado !!
Uma religião heterodoxa, livre de preconceitos e barreiras, que emana a alegria e a cultura popular oriunda de Angola. O nome nasceu de uma maneira diferente, como uma mântrica ''Aumbandhan'', até que de geração em geração tornou-se Umbanda - termo que conhecemos hoje. Com base na canção 'Chama Guerreira' do compositor nortista Edilson Morenno, tornou-se necessário ao meu ver a promoção de uma discussão a respeito da Umbanda. A canção fala a respeito de a Umbanda ser uma chama acolhedora, entendida como a religião de Buda, de Alah, de Madre Tereza, de Hare Krishna, de Alan Kardec, Jesus Cristo e todo povo vencedor que a ela procura.
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| Dona Maria, junto de suas filhas de fé, convida para os encontros quinzenais em seu terreiro, os braços estão abertos para receber quem aqui - diz a sacerdotisa. |
Em uma visita ao terreiro da sacerdotisa Maria Duarte 'Dona Maria' - como gosta de ser chamada, fui saber a cerca do que a mesma tinha pra dizer sobre o preconceito das pessoas de outras crenças com relação à sua religião. A reação foi muito saudosa e divertida, a mesma acredita que a Umbanda muito mais seja uma ceita, ao que uma religião, pois dentro da Umbanda são aceitas as pessoas que vem seja lá de quais forem os lugares e outras denominações, e acredita que cada um deva ir de encontro com a sua crença, seja de ordem umbandista ou não, os braços da Umbanda sempre estão abertos para acolher.
As Vestes Brancas na Umbanda
Dúvidas comuns foram respondidas por Dona Maria, como por exemplo o por quê das vestes brancas, chega-se a conclusão de que o costume é realizado para demonstrar igualdade e pureza. Além do mais o branco agrada a Oxalá - pai dos demais orixás cultuados na Umbanda - as demais cores utilizadas são em ocasiões de festas aos outros orixás - cada um com a sua respectiva cor.
Há Ligação da Umbanda com a Igreja Católica e com outras denominações religiosas?
Ao que se refere historicamente nessa questão, a única ligação se estabelece devido à perseguição que os cultos africanos e indígenas sofriam, visto que poderiam se prejudicar, passaram a associar as suas divindades aos santos da Igreja Católica, foi uma medida que encontraram para proteger-se e poderem então continuar as suas práticas religiosas - pois as repressões vinham de diferentes lados, tanto estatais como religiosos. A única semelhança que pode haver entre a Umbanda e outra denominação religiosa é com o Espiritismo, na relação do evolucionismo espiritual e no que é atinente à atuação das entidades espirituais. O diferencial da Umbanda é o caráter popular que a mesma tem em relação à não estruturação definitiva baseada na prosperidade por meio de trocas materiais, negociação ou reciprocidades no geral. É uma pena que no passado (e ainda hoje) hajam agressores ideológicos com o que se diz respeito a Umbanda, e mais lamentável ainda é saber que esses agressores se localizam dentro das religiões pentecostais, essas que por sua vez, associam o umbandismo à obras malignas.
Dica para Abrir os Caminhos
Banho do pescoço pra baixo, com pétalas de rosas brancas e amarelas, adicionadas 5 gotas de mel para saudação a Oxalá e Oxum, fazer uma oração de coração sincero. A prática deste rito abre caminhos no Amor, na Saúde e no Dinheiro. É importantes salientar que antes de qualquer simpatia ou prece é preciso praticar o amor e o respeito ao próximo e amar a Deus perante tudo,
do contrário qualquer tentativa será em vão.
A canção citada no texto é popularizada pelos paraenses da Banda Calypso, pode ser conferida no link abaixo: Letra de ''Chama Guerreira'' de Edilson Morenno. A canção defende a liberdade do povo indígena e amazonense de poder manifestar a sua religião e cultura local. Edilson Morenno, o compositor da obra vive no extremo norte do país, e em seu dia-a-dia defende a cultura e a religião indígena em suas obras.
No texto houveram contribuições dos internautas Hugo Calhau (Mestrado em História, na USP), Carina Rocha (Estudante de Ciências Sociais, na PUC-SP) e Juliana Barbosa (moradora da cidade de Poá, Grande São Paulo).
A entrevistada, Dona Maria deixa um convite aos filhos de fé, aos encontros quinzenais que acontecem aos sábados das 19h às 22h na Rua Araraquara, 506 - Poá-SP. Para mais informações: 4634-1142
